Dentro de mim a noite parece escrever palavras confusas nas folhas soltas e velhas do meu coração. Mas essas, são palavras invisíveis, palavras que apenas tu entendes, que apenas tu lês. São sentimentos perdidos de quem já nem sabe o que é sentir.
Diz-me … será que ainda sinto? Ou abandonei por completo o meu corpo por não poder mais tocar o teu? Agora sou uma analfabeta incapaz de ler o teu pensamento, o teu corpo, o teu olhar, o teu sonho que morreu na minha face manchada pela derrota. E a noite volta a trazer-te para dentro de mim quando ainda nem sequer partiste… traz a tua face ingénua e pura, os teus olhinhos brilhantes fitando o Universo de magia e cor, os teus braços hábeis que agarram todas as coisas e as transformam nos mais bonitos momentos… Eu insisto que ainda é possível, mesmo que saiba que não, os teus olhos continuam a dizer-me que em ti existirá sempre um sim, o teu coração será eternamente o poço fechado onde me afogarei. E quando o mundo morrer eu ficarei viva para saber que ainda estás aqui: no meu peito, nas letrinhas que desenho na folha de papel, nos pedaços de madeira que ardem estridentemente na lareira da nossa juventude.
A minha saudade queima as tuas cartas, deseja tê-las longe, mas, ainda que as tuas palavras pareçam morrer no fogo, ainda que eu as mate, sei que elas jamais poderão extinguir-se dentro de mim.
Mesmo que as minhas roupas estejam perfumadas hei-de sempre sentir o odor do teu tabaco contagiando todas as partes do meu corpo, mesmo que não estejas, imaginar-te-ei sentado junto da lareira contando-me pequenas histórias da vida.
Permanecerás. Sobre o tempo, sobre as coisas mórbidas, sobre os olhares, sobre as crianças que brincam no jardim… Ainda bem que falamos nelas…
Sabes quem são?
São teus filhos…filhos do amor, da compreensão, da luta, da força, do orgulho, da convicção, da loucura, da magia que transportaste para dentro de mim.
Olha por eles…dá-lhes a mão já que serás incapaz de voltar a entrelaçar os teus dedos nos meus.
Vamos…vai vê-los sorrir… afinal, têm o teu sorriso, o abrir do mundo naqueles dentinhos de leite que se escondem por detrás da boca pequenina de lábios encarnados. Sorriem como tu, como sorriste nas noites de amor, nos dias perfeitos em que julgámos contornar a imperfeição. Mas, foi impossível, sabe-lo como eu… e eles que brincam no jardim são um símbolo disso mesmo, da nossa imperfeição. Da nossa incapacidade de amar, de sonhar, de sorrir mesmo quando nos apeteceu chorar.
Mas não me arrependo, porque eles são aquilo que sou, aquilo que somos, o que tu também és…são as palavras invisíveis dessa folha de papel que insisto em queimar todos os dias, são os laços inquebráveis que ainda nos unem, são os sentimentos que jamais morrerão…eles, amor, eles são o mundo…toca-lhes e voarás…ama-os e voltarás a sentir o que o amor.
sexta-feira, fevereiro 17, 2006
segunda-feira, fevereiro 13, 2006
Força
Que tens nessa alma?
Uma força imensa, uma capacidade de superar todos os obstáculos, de sorrir mesmo quando apetece chorar…
Enfrentaste sozinha as maiores tempestades e o teu barco continua firme sobre as imperiosas ondas da vida. No silêncio e na solidão do teu quarto encontras soluções, caminhos para delinear a tua vida, caminhos certos, caminhos de quem ousa sentir e não vive apenas por viver.
Porque essa força que impera no teu sorriso é o espelho do que vai nesse coração cintilante, nessas palavras que sem nada transmitir poderiam conter o mundo apenas na tua expressão apaixonada.
Tu és a flor… A que sofre devido à maldade dos humanos e continua a perfumar a mão que lhe retira vida, a que perdida na imensidão do espaço se destaca pelo seu brilho, pelas suas fortes raízes, pelo seu sorrir, pelo seu olhar…
Mas que força exubera desse nobre coração? Esse coração que sente, que vive, que sorri e que chora.
A vida ensinou-te a crescer, independente, feliz, sozinha na imensidão do mundo que parecia querer devorar-te…e tu cresceste, lutaste pela tua independência e venceste, ensinaste ao mundo que bastava força para vingar, para ser feliz. E quando a vida te impôs obstáculos, tu sorriste novamente, agarraste essa força que transportas no peito e seguiste adiante.
Caíste mas ergueste-te, tal como um anjo que perdeu as asas e anseia voltar a voar.
Sofreste. Mas nunca deixaste que o sofrimento manchasse os bonitos sentimentos da alma, esses mantiveste-os fiéis e intactos perante a ameaça da dor que nos mata os sentidos.
Quando todos esperaríamos a teimosa lágrima que teimava em descer-te das faces ofereceste-nos a força que nos faltou em momentos cruciais. Nós que tínhamos todos os motivos para sorrir, permanecemos quietos e calados, tristes e inconformados perante a tua dor, mas tu voltaste, repleta de forças e ensinaste-nos mais uma vez a sorrir, mesmo quando as forças te faltavam e a alegria não sobejava no humilde coração.
Mas a tua força levou-nos além…Mostrou-nos que tínhamos de ser capazes em todos os momentos, fossem eles de alegria ou dor.
E com os teus sorrisos foste-nos ensinando a crescer… Com a tua força guiaste-nos para a difícil guerra da vida e lutaste connosco lado a lado, como se de irmãos nos tratássemos….
Curaste as nossas feridas e com convicção prosseguimos a luta…. A sorrir, sempre a sorrir. Força no coração, humildade nas faces e um imenso caminho a preencher.
Depois… o caminho para casa, o doloroso destino que tivemos de percorrer sozinhos, porque tu, tu já lá não estavas, apenas a tua força nos guiou pelo mundo fora como bússola que orientou as coordenadas dos nossos frágeis corpos.
Isa Mestre
Uma força imensa, uma capacidade de superar todos os obstáculos, de sorrir mesmo quando apetece chorar…
Enfrentaste sozinha as maiores tempestades e o teu barco continua firme sobre as imperiosas ondas da vida. No silêncio e na solidão do teu quarto encontras soluções, caminhos para delinear a tua vida, caminhos certos, caminhos de quem ousa sentir e não vive apenas por viver.
Porque essa força que impera no teu sorriso é o espelho do que vai nesse coração cintilante, nessas palavras que sem nada transmitir poderiam conter o mundo apenas na tua expressão apaixonada.
Tu és a flor… A que sofre devido à maldade dos humanos e continua a perfumar a mão que lhe retira vida, a que perdida na imensidão do espaço se destaca pelo seu brilho, pelas suas fortes raízes, pelo seu sorrir, pelo seu olhar…
Mas que força exubera desse nobre coração? Esse coração que sente, que vive, que sorri e que chora.
A vida ensinou-te a crescer, independente, feliz, sozinha na imensidão do mundo que parecia querer devorar-te…e tu cresceste, lutaste pela tua independência e venceste, ensinaste ao mundo que bastava força para vingar, para ser feliz. E quando a vida te impôs obstáculos, tu sorriste novamente, agarraste essa força que transportas no peito e seguiste adiante.
Caíste mas ergueste-te, tal como um anjo que perdeu as asas e anseia voltar a voar.
Sofreste. Mas nunca deixaste que o sofrimento manchasse os bonitos sentimentos da alma, esses mantiveste-os fiéis e intactos perante a ameaça da dor que nos mata os sentidos.
Quando todos esperaríamos a teimosa lágrima que teimava em descer-te das faces ofereceste-nos a força que nos faltou em momentos cruciais. Nós que tínhamos todos os motivos para sorrir, permanecemos quietos e calados, tristes e inconformados perante a tua dor, mas tu voltaste, repleta de forças e ensinaste-nos mais uma vez a sorrir, mesmo quando as forças te faltavam e a alegria não sobejava no humilde coração.
Mas a tua força levou-nos além…Mostrou-nos que tínhamos de ser capazes em todos os momentos, fossem eles de alegria ou dor.
E com os teus sorrisos foste-nos ensinando a crescer… Com a tua força guiaste-nos para a difícil guerra da vida e lutaste connosco lado a lado, como se de irmãos nos tratássemos….
Curaste as nossas feridas e com convicção prosseguimos a luta…. A sorrir, sempre a sorrir. Força no coração, humildade nas faces e um imenso caminho a preencher.
Depois… o caminho para casa, o doloroso destino que tivemos de percorrer sozinhos, porque tu, tu já lá não estavas, apenas a tua força nos guiou pelo mundo fora como bússola que orientou as coordenadas dos nossos frágeis corpos.
Isa Mestre
domingo, fevereiro 05, 2006
Antes de Partir
Beijo-te antes de partires.
Não sei se voltarei a ver-te, se os meus olhos se cruzarão com os teus no atribulado cais da vida, se a minha alma se juntará à tua para mais uma divagação, se o meu coração se partirá antes que venhas consertá-lo. Não sei.
Mas, não choro, não sofro, apenas vivo nessa recordação que parece guiar os meus passos pela noite escura.
Talvez seja a última…Talvez…Ou quem sabe não será?
Lá vens tu com a tua voz penetrante, acusando-me de tristeza, de semear no teu coração a ansiedade da perda, da morte, do fim de todas as coisas… Trazes nas mãos a alegria de viver, nos olhos o brilho da vida, pois tu sabes o que isso é, eu talvez não o saiba, por isso falo tantas vezes de morte.
Porque tenho medo de perder-te, que os meus olhos não contemplem mais essa figura que me habituei a amar, tenho receio que vás para longe e te esqueças da menina que ensinaste a crescer.
Trazes os livros amontoados nas mãos calejadas pela caneta, um lápis na mão direita disposto a assinalar os meus erros na senda da vida, um sorriso nos lábios, uma alegria no coração que apenas com palavras jamais conseguirei expressar.
Convido-te a ficares comigo mais alguns instantes, mas insistes em partir, outros precisam de ti. Tenho de aprender a deixar de lado o egoísmo, tenho de aprender que a tua grandeza não morre na minha alma pequenina, tenho de aprender que vives atarefado e eu sou apenas mais uma pequena tarefa do teu dia. Sou apenas o momento em que me olhas, me elogias, me criticas, me beijas, me tocas nas faces, me sorris, e depois...o resto da vida é composto de nadas.
Mas, quero sempre beijar-te, como se fosse a última vez, quero dizer-te que te adoro, que és a pessoa mais importante da minha vida, agradecer-te por tudo, mas tu…permaneces calado, tapas-me a boca e impedes-me de fazer-te sorrir.
Mas eu quero dize-lo! Deixa-me falar! Amanhã pode ser tarde demais! «Guarda as palavras no coração, ele saberá como transmiti-las sob a forma de sentimentos».
Sim, eu sei. E tu também sabes porque sentes o quanto te amo, o quanto te admiro. Apenas um olhar diria tudo, pois o amor é criminoso e transporta nas faces o maior símbolo da sua presença.
Eu sorrio-te, sabes como adoro sorrir, tu…devolves-me o sorriso, aquelas nossas expressões são amo-tes largados pela rua, são folhas caídas da grande árvore dos afectos.
Não precisamos dizer mais nada, sabes como somos, falamos apenas com os olhares e quando parto sei tudo sobre ti e tu tudo sobre mim, apesar do silêncio sinto-me como se tivéssemos falado horas e horas.
Tu vais sem pudor, sabes que amanhã me encontrarás no mesmo sítio, porém eu anseio que o amanhã não chegue, que a vida me corte as asas que me permitem voar…
Mas, sossego a minha inquietação…como se os teus olhos azuis fossem o mar calmo perante uma noite de luar, e eu a estrela perdida que sonha contigo.
Afinal no dia seguinte a tua figura serena surge novamente ao final da rua…tinhas razão velhote…mas quem me diz que hoje não será o último? Quem me diz que as minhas raízes querem ficar para sempre presas a este solo? Quem me diz que amanhã na tua eterna convicção de me encontrares não mais me encontrarás? Quem me diz que os momentos são infinitos quando o próprio mundo um dia se esgotará? Por isso, beijo-te antes de partires, deposito os meus lábios nas faces rosadas do frio, na barba fustigada pela chuva que cai sobre as nossas cabeças…é o último, eu sei disso, mas não me impede que aja como se fosse o primeiro…
Isa Mestre
Não sei se voltarei a ver-te, se os meus olhos se cruzarão com os teus no atribulado cais da vida, se a minha alma se juntará à tua para mais uma divagação, se o meu coração se partirá antes que venhas consertá-lo. Não sei.
Mas, não choro, não sofro, apenas vivo nessa recordação que parece guiar os meus passos pela noite escura.
Talvez seja a última…Talvez…Ou quem sabe não será?
Lá vens tu com a tua voz penetrante, acusando-me de tristeza, de semear no teu coração a ansiedade da perda, da morte, do fim de todas as coisas… Trazes nas mãos a alegria de viver, nos olhos o brilho da vida, pois tu sabes o que isso é, eu talvez não o saiba, por isso falo tantas vezes de morte.
Porque tenho medo de perder-te, que os meus olhos não contemplem mais essa figura que me habituei a amar, tenho receio que vás para longe e te esqueças da menina que ensinaste a crescer.
Trazes os livros amontoados nas mãos calejadas pela caneta, um lápis na mão direita disposto a assinalar os meus erros na senda da vida, um sorriso nos lábios, uma alegria no coração que apenas com palavras jamais conseguirei expressar.
Convido-te a ficares comigo mais alguns instantes, mas insistes em partir, outros precisam de ti. Tenho de aprender a deixar de lado o egoísmo, tenho de aprender que a tua grandeza não morre na minha alma pequenina, tenho de aprender que vives atarefado e eu sou apenas mais uma pequena tarefa do teu dia. Sou apenas o momento em que me olhas, me elogias, me criticas, me beijas, me tocas nas faces, me sorris, e depois...o resto da vida é composto de nadas.
Mas, quero sempre beijar-te, como se fosse a última vez, quero dizer-te que te adoro, que és a pessoa mais importante da minha vida, agradecer-te por tudo, mas tu…permaneces calado, tapas-me a boca e impedes-me de fazer-te sorrir.
Mas eu quero dize-lo! Deixa-me falar! Amanhã pode ser tarde demais! «Guarda as palavras no coração, ele saberá como transmiti-las sob a forma de sentimentos».
Sim, eu sei. E tu também sabes porque sentes o quanto te amo, o quanto te admiro. Apenas um olhar diria tudo, pois o amor é criminoso e transporta nas faces o maior símbolo da sua presença.
Eu sorrio-te, sabes como adoro sorrir, tu…devolves-me o sorriso, aquelas nossas expressões são amo-tes largados pela rua, são folhas caídas da grande árvore dos afectos.
Não precisamos dizer mais nada, sabes como somos, falamos apenas com os olhares e quando parto sei tudo sobre ti e tu tudo sobre mim, apesar do silêncio sinto-me como se tivéssemos falado horas e horas.
Tu vais sem pudor, sabes que amanhã me encontrarás no mesmo sítio, porém eu anseio que o amanhã não chegue, que a vida me corte as asas que me permitem voar…
Mas, sossego a minha inquietação…como se os teus olhos azuis fossem o mar calmo perante uma noite de luar, e eu a estrela perdida que sonha contigo.
Afinal no dia seguinte a tua figura serena surge novamente ao final da rua…tinhas razão velhote…mas quem me diz que hoje não será o último? Quem me diz que as minhas raízes querem ficar para sempre presas a este solo? Quem me diz que amanhã na tua eterna convicção de me encontrares não mais me encontrarás? Quem me diz que os momentos são infinitos quando o próprio mundo um dia se esgotará? Por isso, beijo-te antes de partires, deposito os meus lábios nas faces rosadas do frio, na barba fustigada pela chuva que cai sobre as nossas cabeças…é o último, eu sei disso, mas não me impede que aja como se fosse o primeiro…
Isa Mestre
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