Errei. Fi-lo inocentemente, levando o teu coração na minha mão sem saber ao certo que rumo seguir. Agora, queria pedir-te desculpa, mas as palavras são poucas e sobram-me coisas para te dizer, os sentimentos espalhados pelo meu coração anseiam saltitar para os teus sentidos e cantar-te belas canções, de amizade, de amor, de alegria.
Mas, o teu rosto magoado impede-me de sorrir, de fazer as loucuras de sempre…Porquê? Porque partiste deste nosso mundo e me deixaste sozinha pelas ruas do sentimento? Vem ter comigo, diz-me onde errei, guia-me pelo mundo, sê a minha bússola enquanto eu te guio pelo mapa da vida.
Deixa-me chegar até ti…ao coração distante, ao menino doce que descobri por detrás da faceta de vilão, à amizade que julguei eterna. Vamos…deixa-me entrar suavemente em ti, como na primeira vez, deixa-me entrelaçar os teus dedos nos meus e mostrar-te um pouco do mundo. Ou será que não me queres mais? A nossa amizade ter-se-á perdido no sentimento magoado que persiste?
Desculpa se errei, se julguei erradamente aqueles que mais amas, se estive longe quando deveria estar perto, se te repreendi quando deveria ter-te passado a mão pela cabeça…
Porém isso jamais poderia mudar algo…Será que não entendes que serás para sempre o miúdo mimado que eu detesto mas sem o qual não consigo viver? Será que não percebes que devo mostrar-te o caminho certo quando segues pela estrada errada? Fá-lo-ei sempre por amor, por carinho, por respeito.
Ou queres perder-te neste deserto de vida? Queres seguir as tabuletas erradas e vagueares como um louco pelo caminho que te resta percorrer?
A escolha é tua, porque independentemente de tudo eu estarei sempre a teu lado, para te amar, te proteger, te sorrir mesmo quando o teu rosto sisudo se recusa a devolver-me a alegria com que ouso enfrentar-te.
Perdoa-me pelas vezes que julgo tudo saber, pelos meus erros de menina, pelo egoísmo… Mas ao menos perdoa-me, fala, sorri, chora, inova…Não permaneças escravo da dor que se encerra no peito e se espelha nas faces…extravasa o sentir, o viver, o amar… Abre as tuas páginas soltas e agastadas do tempo, feridas pela vida…deixa-me ler esse bonito livro que és.
Peço-te apenas que não permitas que o ressentimento vença esta batalha, porque eu estarei na fileira da frente a lutar pelo amor, levarei nas faces a alegria dos bonitos dias que passámos e junto ao peito a nossa fotografia… a imagem de loucos que sorriram, que venceram, que amaram, que jamais permitirão que se perca aquilo que de melhor a vida lhes proporcionou.
Isa Mestre
domingo, abril 16, 2006
Não esqueci
Não mentirei.
Porquê enganar-me? Sei que quando olhar adiante ninguém vai lá estar, serei apenas eu. Eu e o que restou de vós em mim. Eu e as minhas recordações tolas de quem um dia disse que não esqueceria, eu e as minhas loucuras que agora me transformaram numa louca perdida longe da dimensão desse nosso viver, eu e os sentimentos que me acompanham, eu e os rostos que ainda não se perderam na minha memória.
E recordarei as nossas conversas, os nossos medos e as nossas incertezas, voltarei a gritar como uma menina que chama por vós, a sentir medo como sentimos, a duvidar e a procurar resposta para as minhas dúvidas tal como procurámos. E voltarei a ver-vos diante dos meus olhinhos radiantes, como se eu fosse novamente a criança e pudesse abraçar-vos a todos. Mas, são minutos efémeros, perdidos, tristes e desamparados na minha memória fria arrastada por um sopro do coração. Apenas minutos repletos daquele amor e daquela inocência que julguei eternos. Porém, a eternidade perdeu-se quando a vida nos cortou os caminhos, nos guiou por diferentes rotas.
E eu deixei que ela vos levasse sem lhe fazer frente, deixei-a vencer, tal como um doente incapaz de enfrentar a própria doença. Resignei-me acreditando que seria possível esquecer a saudade, o amor, os laços que nos uniam. Na verdade, tudo não passou de uma ilusão. Menti. A mim mesma e a todos vós.
Porque, na verdade, não esqueci nada, nem a saudade, nem as alegrias que partilhámos, nem os momentos em que desejei ter-vos novamente a meu lado. Não esqueci que o amor se perde, que também cai em esquecimento. Não esqueci o momento em que partimos; devagar porque aqueles minutos pareceram anos, ridículos porque o amor torna-nos simplesmente ridículos.
Saímos a correr por entre a neblina da manhã que nos cobriu os rostos de um nevoeiro de saudade e nostalgia, partimos e dissemos: «Esperemos que nos voltemos a encontrar» e todos baixámos a cabeça por sabermos que esse momento não existiria. Despedimo-nos, os nossos passos levaram-nos pelos caminhos da vida e os nossos corações ficaram para sempre presos aquele momento, aquela mentira, ao engano cego a que a alma se propôs.
E hoje eu estou aqui…sozinha recordando-nos, revivendo-nos no meu imenso mar de solidão e vazio, no meu pássaro que perdeu as asas para voar, as asas do sonho, do nosso sonho… Talvez ainda estejam perdidas por aqui, nos cantos que percorremos, nas palavras que dissemos, nos papéis que escrevemos, talvez não seja tarde ainda para buscá-las e reaprender a voar, talvez não seja demasiado tarde para voltar a acreditar na nossa mentira, talvez possa ouvir novamente as nossas músicas e buscar a terra distante em que existimos, em que nos despedimos sem sequer imaginar que jamais voltaríamos a ver-nos.
Isa Mestre
Porquê enganar-me? Sei que quando olhar adiante ninguém vai lá estar, serei apenas eu. Eu e o que restou de vós em mim. Eu e as minhas recordações tolas de quem um dia disse que não esqueceria, eu e as minhas loucuras que agora me transformaram numa louca perdida longe da dimensão desse nosso viver, eu e os sentimentos que me acompanham, eu e os rostos que ainda não se perderam na minha memória.
E recordarei as nossas conversas, os nossos medos e as nossas incertezas, voltarei a gritar como uma menina que chama por vós, a sentir medo como sentimos, a duvidar e a procurar resposta para as minhas dúvidas tal como procurámos. E voltarei a ver-vos diante dos meus olhinhos radiantes, como se eu fosse novamente a criança e pudesse abraçar-vos a todos. Mas, são minutos efémeros, perdidos, tristes e desamparados na minha memória fria arrastada por um sopro do coração. Apenas minutos repletos daquele amor e daquela inocência que julguei eternos. Porém, a eternidade perdeu-se quando a vida nos cortou os caminhos, nos guiou por diferentes rotas.
E eu deixei que ela vos levasse sem lhe fazer frente, deixei-a vencer, tal como um doente incapaz de enfrentar a própria doença. Resignei-me acreditando que seria possível esquecer a saudade, o amor, os laços que nos uniam. Na verdade, tudo não passou de uma ilusão. Menti. A mim mesma e a todos vós.
Porque, na verdade, não esqueci nada, nem a saudade, nem as alegrias que partilhámos, nem os momentos em que desejei ter-vos novamente a meu lado. Não esqueci que o amor se perde, que também cai em esquecimento. Não esqueci o momento em que partimos; devagar porque aqueles minutos pareceram anos, ridículos porque o amor torna-nos simplesmente ridículos.
Saímos a correr por entre a neblina da manhã que nos cobriu os rostos de um nevoeiro de saudade e nostalgia, partimos e dissemos: «Esperemos que nos voltemos a encontrar» e todos baixámos a cabeça por sabermos que esse momento não existiria. Despedimo-nos, os nossos passos levaram-nos pelos caminhos da vida e os nossos corações ficaram para sempre presos aquele momento, aquela mentira, ao engano cego a que a alma se propôs.
E hoje eu estou aqui…sozinha recordando-nos, revivendo-nos no meu imenso mar de solidão e vazio, no meu pássaro que perdeu as asas para voar, as asas do sonho, do nosso sonho… Talvez ainda estejam perdidas por aqui, nos cantos que percorremos, nas palavras que dissemos, nos papéis que escrevemos, talvez não seja tarde ainda para buscá-las e reaprender a voar, talvez não seja demasiado tarde para voltar a acreditar na nossa mentira, talvez possa ouvir novamente as nossas músicas e buscar a terra distante em que existimos, em que nos despedimos sem sequer imaginar que jamais voltaríamos a ver-nos.
Isa Mestre
segunda-feira, abril 03, 2006
Espiga
Não quero que pares, que te sintas perdido, que o teu corpo repouse tristemente sem saber para que lugar ir.
Não quero que deixes de sonhar nunca, ouviste? Não quero.
Por isso não te retiro as asas do sonho quando eu sei que ainda podes voar tão alto, não te digo que não há infinito quando também os meus olhos o alcançam ávidos de atingi-lo, não te digo que a estrada acabará quando a minha vontade de persegui-la continua firme contrariando as nossas fraquezas.
Prometo. Não deixarei que a tua estrada se acabe, tal como uma folha de papel quando chega ao fim… Prometo-te que correrei ao armário mais próximo para buscar a próxima antes que a imaginação se perca nas ruas da minha incerteza, correrei para buscar outra estrada para ti, para o teu destino, para os caminhos do mundo que tantas vezes se cruzam com os nossos.
Encarregar-me-ei que o final da estrada te pareça sempre eternamente distante e que exista sempre na tua alma ânimo para prosseguir até ao fim.
Lutando para sorrir, lutando para enfrentar as tempestades da vida, lutando para te tornares mais forte, tal como o tronco de um castanheiro.
Lutando para que as tuas pernas tenham sempre forças para desbravar o caminho adiante e sublimar os obstáculos que se avizinham, lutando para que as tuas mãos possam agarrar o mundo e não mais deixá-lo escapar, lutando para que os teus olhos vejam coisas bonitas e o teu coração sinta o que é amar, lutando para afastar-te da miséria, da guerra, do ódio, da dor.
Primeiramente, aprenderás o quanto é belo o mundo, trabalharás arduamente com a tua inteligência, depois, o teu corpo ainda franzino enfrentará as coisas ás quais nos habituámos a chamar de “coisas más” e as tuas mãos abraçarão a espada do futuro, não a espada que mata, mas a espada que luta, que defende, que espalha talento pelo mundo. Mas, antes terás de aprender a usar a inteligência para que a tua espada não fira outros corpos magoados pela tua ambição desmedida.
Farás as tuas lutas, travarás as tuas batalhas, e eu estarei aqui para te ver, sempre… Como naquele dia no teatro, como quando pensavas que eu não estava lá e me escondia afinal atrás da cortina para que não ficasses nervoso.
Lembra-te sempre, por mais batalhas que traves, quer as venças ou saias derrotado, as mais importantes travam-se interiormente, entre nós e aquilo que somos.
Não magoes, meu amor, não faças uso daquilo que jamais quis que aprendesses a usar. Sê feliz longe de todas aquelas coisas que julgam tornar o homem feliz mas afinal o tornam cada vez mais pequeno e inútil.
Cresce…nunca te recuses a crescer, nunca o encares como uma crítica, nem nunca penses já ter crescido o suficiente porque crescerás até morrer.
Eu ainda cresço todos os dias, porque não crescerias tu minha pequena semente dourada que despontou do meu campo de trigo?
Cresce contigo, cresce com as asneiras, com as críticas, cresce com a vida porque se não for ela mesma ninguém mais poderá ensinar-te a tornares-te grande, dia após dia.
Vamos! Leva contigo os dias, as noites, os sorrisos, a meninice que te engrandece…leva contigo aquilo que sou, pois para onde quer que vá levar-te-ei no coração e ver-te-ei colher as plantas que um dia eu semeei quando te trazia no leito.
Não quero que deixes de sonhar nunca, ouviste? Não quero.
Por isso não te retiro as asas do sonho quando eu sei que ainda podes voar tão alto, não te digo que não há infinito quando também os meus olhos o alcançam ávidos de atingi-lo, não te digo que a estrada acabará quando a minha vontade de persegui-la continua firme contrariando as nossas fraquezas.
Prometo. Não deixarei que a tua estrada se acabe, tal como uma folha de papel quando chega ao fim… Prometo-te que correrei ao armário mais próximo para buscar a próxima antes que a imaginação se perca nas ruas da minha incerteza, correrei para buscar outra estrada para ti, para o teu destino, para os caminhos do mundo que tantas vezes se cruzam com os nossos.
Encarregar-me-ei que o final da estrada te pareça sempre eternamente distante e que exista sempre na tua alma ânimo para prosseguir até ao fim.
Lutando para sorrir, lutando para enfrentar as tempestades da vida, lutando para te tornares mais forte, tal como o tronco de um castanheiro.
Lutando para que as tuas pernas tenham sempre forças para desbravar o caminho adiante e sublimar os obstáculos que se avizinham, lutando para que as tuas mãos possam agarrar o mundo e não mais deixá-lo escapar, lutando para que os teus olhos vejam coisas bonitas e o teu coração sinta o que é amar, lutando para afastar-te da miséria, da guerra, do ódio, da dor.
Primeiramente, aprenderás o quanto é belo o mundo, trabalharás arduamente com a tua inteligência, depois, o teu corpo ainda franzino enfrentará as coisas ás quais nos habituámos a chamar de “coisas más” e as tuas mãos abraçarão a espada do futuro, não a espada que mata, mas a espada que luta, que defende, que espalha talento pelo mundo. Mas, antes terás de aprender a usar a inteligência para que a tua espada não fira outros corpos magoados pela tua ambição desmedida.
Farás as tuas lutas, travarás as tuas batalhas, e eu estarei aqui para te ver, sempre… Como naquele dia no teatro, como quando pensavas que eu não estava lá e me escondia afinal atrás da cortina para que não ficasses nervoso.
Lembra-te sempre, por mais batalhas que traves, quer as venças ou saias derrotado, as mais importantes travam-se interiormente, entre nós e aquilo que somos.
Não magoes, meu amor, não faças uso daquilo que jamais quis que aprendesses a usar. Sê feliz longe de todas aquelas coisas que julgam tornar o homem feliz mas afinal o tornam cada vez mais pequeno e inútil.
Cresce…nunca te recuses a crescer, nunca o encares como uma crítica, nem nunca penses já ter crescido o suficiente porque crescerás até morrer.
Eu ainda cresço todos os dias, porque não crescerias tu minha pequena semente dourada que despontou do meu campo de trigo?
Cresce contigo, cresce com as asneiras, com as críticas, cresce com a vida porque se não for ela mesma ninguém mais poderá ensinar-te a tornares-te grande, dia após dia.
Vamos! Leva contigo os dias, as noites, os sorrisos, a meninice que te engrandece…leva contigo aquilo que sou, pois para onde quer que vá levar-te-ei no coração e ver-te-ei colher as plantas que um dia eu semeei quando te trazia no leito.
Subscrever:
Mensagens (Atom)