Às vezes quando te olho estou apenas perdida. Perdida de mim, perdida de tudo aquilo em que acreditei durante anos, perdida do dia em que jurei amar-te, perdida do momento em que o teu corpo se encostou ao meu. Perdida de ti, também.
Às vezes quando te olho não caminhamos pela mesma estrada, vamos lado a lado, mas cada um cuida de si, sem olhar para trás, sem nunca dizer adeus.
Sabemos quando será o fim, mas não nos despedimos. Continuo refém dos teus passos, da tua voz, do teu sorriso, refém de todas essas coisas que podem aprisionar-nos mesmo sem usar algemas.
E sigo em frente. Como me ensinaste.
Os corpos acumulam-se, os corpos cansam-se, os corpos deitam-se e levantam-se, os corpos sabem a medo e solidão. E nós não sabemos a nada. Perseguimo-nos um ao outro, numa dança de amor e incerteza.
Tu dizes,
- Amanhã chegará o dia.
E eu acredito que em algum momento ele possa chegar.
Não te pergunto para onde vamos. Vamos sempre para lá do que planeámos. E eu que quis amar-te sempre até ao fim vou cada dia mais longe, mais longe, mais longe.
Não sei ainda se podemos querer ser mais, se podemos sonhar ser mais, sei apenas que o amor nos torna maiores. Que o amor nos torna cada vez maiores. Entendo isso no momento em que a tua mão pálida e trémula abandona a vida. A vida que é sempre nossa e mesmo quando morremos nunca deixa de nos pertencer.
domingo, junho 06, 2010
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