quinta-feira, março 09, 2006

No aeroporto da minha alma

No aeroporto da minha alma aterram as alegrias e as tristezas, os sonhos e as desilusões, a loucura e a falta dela.
E as luzes do meu espírito continuam a brilhar, para que o próximo avião carregado de sonhos e repleto de coragem não perca a sua rota, não desvie o seu caminho nem por um segundo. Em terra, os sentimentos gesticulam, gritam, desesperam por vezes, mas, na aterragem tudo é serenidade, paz, alívio, apenas o barulho ensurdecedor dos motores, símbolo da força dos meus sonhos que continua a preencher as horas vazias deste coração. Os passageiros entram e saem, como vagabundos, como viajantes da última carruagem desse comboio da vida. Alguns perdem-se na complexidade das coisas, outros seguem perdidos e acabam por encontrar o seu destino final.
Por isso, as minhas bagagens estão feitas, estou pronta para partir.
Comigo levo as folhas de papel e a caneta, levo tudo aquilo que me basta para ser feliz!
Aceno lá do fundo àqueles que me conduzem até aos sonhos mas optam por ficar na porta de embarque esperando que a minha alma volte.
O aeroporto cheio de gente saúda aqueles que embarcam para o novo sonho, a nova aventura de viver, com as lágrimas nos olhos, tocam-lhes pela última vez e dizem… Até um dia…
Até ao dia em que o aeroporto da minha alma for pequeno demais para tanto sonho, até ao dia em que voltarei a brilhar, até ao dia em que voltarei a abraçar esses corpos cansados da expectativa, enquanto que o meu continua a procurá-la por todos os lugares.
Mas vocês continuam a acompanhar-me em todas as viagens da minha alma, ainda que vos faltem as forças e vos sobeje a experiência, conduzem-me até ao destino, como se de uma menina frágil me tratasse, como se com o derradeiro olhar me dissessem: «Vai correr tudo bem».
Depois, eu vou por aí, por esse mundo fora, descobrir aquilo que vocês já descobriram, cometer os erros que cometeram, sorrir tal como sorriram… Regressar tal como regressaram, com a alegria nos braços, transportando-a cuidadosamente como se de um bebé se tratasse.
E no regresso o meu rosto extenuado esboça o sorriso de sempre, então caminham até mim, beijam-me e abraçam-me, depois voltamos ao nosso mundo, à realidade que nos abraça a cada lufada de ar fresco…
O aeroporto da minha alma fica novamente vazio, desprovido de ânsia, de nervosismo, de cor, de luz, de magia…até ao próximo voo, até ao próximo sorriso nas asas do vento…

Isa Mestre

1 comentário:

Anónimo disse...

ola!! comentei este porque foi o que mais gostei, o que mais me identifiquei, o que com uma linguagem intimista (tão tipica dos teus escritos alvos da manhã)deixou antever o teu inegável jeito para a arte de brincar com as palavras. Continua! Pipa ;)