sexta-feira, junho 09, 2006

Ninguém

Já não há nomes nesta nossa terra gasta do tempo. Agora apenas a flauta a tocar canções, as mesmas canções que sem precisar de palavras dizem tudo o que há para dizer. Apenas a flauta para me anunciar que ainda estás aí, que o meu vento ainda é o tempo e que o meu olhar ainda é o arco-iris do teu frágil corpo.
Mas também eu já não tenho nome, está gasto...do tempo, do uso, do tanto chamar pelos corredores infinitos da vida, gasto como as palavras, inútil como trapos velhos arruínados pelo tempo.
Por isso, se me quiseres chamar, chama-me com tudo aquilo que tens dentro desse peito, ouvir-te-ei. Não precisamos das palavras que nos definem, que nos rotulam, que nos identificam, por que nós somos a essência, o perfume, o sentir que transportamos connosco.
Por isso, ainda que eu seja ninguém, chama-me, chama-me como se chamasses o tempo, a vida ou a felicidade.
Perdémos os nomes pela rua...Sim, eu sei que os perdémos mas não deixámos de ser quem somos, de amar, de viver... E hoje não faria diferente daquela noite, hoje, deixá-los-ia exactamente onde ficaram...no tempo que os levou pelo imenso céu da vida.
Não chamas por mim. mas ouço-te, do fundo da montanha do meu ser é a tua voz que ecoa nos vales da minha solidão, nas planícies douradas da saudade. È a tua voz que me chama, e eu vou. Não conheço os caminhos, perco-me, torno-me vagabunda e entrego-me ao mundo, mas vou, sigo a tua voz e vou onde ela me levar.
Chamam-me. Esqueço. Quem sou eu? Quem julgaste que eu era? Sou pena levada pelo vento, sou sorriso no teu rosto, sou poesia dentro de ti, sou luz na tua imensa escuridão, sou.
Sou apenas eu, sem um nome, sem um destino, sem uma vida. Sou. Será que isso não basta? Houve tantos que nem souberam ser, que hoje entendo que há mundo dentro de mim, há avenidas iluminadas e luzes ao final da estrada, há algo que me mantêm viva e me afasta da loucura desses dias que te consomem.
Não preciso de nome, cresci naquilo que sou, com os erros, com as loucuras, também com as escolhas acertadas pela vida fora. Talvez outros digam que consegui ser alguém, mas eu hei-de ser sempre apenas a menina que baila com os sonhos, que sorri, que também chora... E quando me perguntares o meu nome, hei-de permanecer no silêncio, o silêncio de quem não tem nome, o silêncio que te dirá quem sou.
Ninguém.
Quem sabe seja isso mesmo.

Isa Mestre

2 comentários:

..:: Mia ::.. disse...

Ei, está muito kewl!!! (só tem os tais errozitos mas nada de especial ^^ ) ...Mas é impossível ser-se Ninguém... o "ninguém" não seria nada e o "nada" não poderia filosofar ou teclar! ^_^=
Jinhus!!!!

Anónimo disse...

ohh isinha ta lindu!!! tal km tdx ux otrux!!xp fxte akela base a portuguex!! eu lmbru.m!!lo0ol doru.t mt mt mt mtttttttttttt miga!!!bjokas