terça-feira, maio 31, 2005

Neblina

Na neblina da noite perco-te os passos, esqueço que um dia existimos, abraço o vazio como se pudesse abraçar-te.
E nas ruas, o silêncio que um dia criámos, o ar que respirámos, os lugares onde estivemos, tudo o que partilhámos...
Contei-te histórias, de embalar, de encantar, de sorrir e de chorar. Nessa amálgama de abraços construímos a nossa própria fogueira, aquecemo-nos com o lume da vida.
A nossa amizade nunca teve o seu tempo, o seu espaço, o seu significado, apenas existia, e a sua simplicidade marcava a diferença.
No meu quarto as músicas que um dia ouvimos, os gestos, as palavras, as loucuras, tudo está à distância de um simples toque, de um vaguear pela mente desconhecida.
O cheiro do teu perfume, a lembrança do teu rosto singular, os cabelos que te afogavam a cara num misto de beleza e incerteza.
Fomos amigos, um dia fomo-lo com todas as nossas forças e sentimentos.
Talvez nunca nos tivéssemos apercebido, mas, na verdade os maiores amigos são aqueles que o são sem nos darmos conta disso.
Revejo-te novamente diante de mim, cintilante, alegre, tocas nos cabelos e olhas nos meus olhos como se com um simples olhar pudesses tocar-me.
Estás feliz. Sorris para mim e eu sorrio para ti.
Fixamo-nos por momentos, como se nos esquecemos dos nossos papéis neste mundo, como se esquecêssemos as falas, os sentimentos e as acções.
Continuo a olhar nos teus doces olhos, esperando que dos teus perfeitos lábios saiam os signos que te percorrem o pensamento. Mas, continuas calado, apenas esses teus olhos negros dão vida a um corpo imóvel.
Esquecemo-nos do mundo, da plateia gloriosa que nos rodeia, que nos aplaude e nos apupa, agora somos apenas nós.
Faremos aquilo que o coração mandar, seremos escravos desse sentimento tão bonito que nos prende como fortes correntes.
A nossa amizade será sempre a mais forte e sincera, embora saibamos que um dia perdêramo-la.
Quando uma amizade se perde, não há culpados, não há julgados, apenas restam os inocentes, os que sofreram na pele a dor de perder alguém.
Por isso, fomos ambos inocentes neste golpe cruel.
Tu erraste, eu errei.
Nós errámos, como tantos outros o fizeram. Apenas isso...

Isa Mestre






Na neblina da noite perco-te os passos, esqueço que um dia existimos, abraço o vazio como se pudesse abraçar-te.
E nas ruas, o silêncio que um dia criámos, o ar que respirámos, os lugares onde estivemos, tudo o que partilhámos...
Contei-te histórias, de embalar, de encantar, de sorrir e de chorar. Nessa amálgama de abraços construímos a nossa própria fogueira, aquecemo-nos com o lume da vida.
A nossa amizade nunca teve o seu tempo, o seu espaço, o seu significado, apenas existia, e a sua simplicidade marcava a diferença.
No meu quarto as músicas que um dia ouvimos, os gestos, as palavras, as loucuras, tudo está à distância de um simples toque, de um vaguear pela mente desconhecida.
O cheiro do teu perfume, a lembrança do teu rosto singular, os cabelos que te afogavam a cara num misto de beleza e incerteza.
Fomos amigos, um dia fomo-lo com todas as nossas forças e sentimentos.
Talvez nunca nos tivéssemos apercebido, mas, na verdade os maiores amigos são aqueles que o são sem nos darmos conta disso.
Revejo-te novamente diante de mim, cintilante, alegre, tocas nos cabelos e olhas nos meus olhos como se com um simples olhar pudesses tocar-me.
Estás feliz. Sorris para mim e eu sorrio para ti.
Fixamo-nos por momentos, como se nos esquecemos dos nossos papéis neste mundo, como se esquecêssemos as falas, os sentimentos e as acções.
Continuo a olhar nos teus doces olhos, esperando que dos teus perfeitos lábios saiam os signos que te percorrem o pensamento. Mas, continuas calado, apenas esses teus olhos negros dão vida a um corpo imóvel.
Esquecemo-nos do mundo, da plateia gloriosa que nos rodeia, que nos aplaude e nos apupa, agora somos apenas nós.
Faremos aquilo que o coração mandar, seremos escravos desse sentimento tão bonito que nos prende como fortes correntes.
A nossa amizade será sempre a mais forte e sincera, embora saibamos que um dia perdêramo-la.
Quando uma amizade se perde, não há culpados, não há julgados, apenas restam os inocentes, os que sofreram na pele a dor de perder alguém.
Por isso, fomos ambos inocentes neste golpe cruel.
Tu erraste, eu errei.
Nós errámos, como tantos outros o fizeram. Apenas isso...

Isa Mestre

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