quarta-feira, janeiro 18, 2006

Bilhete Perdido

Foge agora… é tempo de saíres pela porta fora, vai, vai depressa para que não possa deter-te.
Precisas do teu mundo, do teu espaço, porque eu por te amar julguei que poderia construir um mundo novo. Liberta-te de mim. Não quero mais causar-te sofrimento, dor, tristeza. Chega!
Não vou mais cortar-te as asas e pedir-te desculpa no momento seguinte. Vai e não tenhas medo, coragem! Porque eu serei sempre a mesma, a que ama mas magoa, a que quer liberdade mas te aprisiona nos seus braços.
Desculpa. Mais uma vez, desculpa. Mas desta feita é para sempre, não voltes, não quero ver-te chorar!
Verás que o mundo lá fora é bem mais bonito. Sem o meu amor que insiste em prender-te, em sufocar-te com o calor da possessão, em manter-te eternamente junto a mim.
Vai, querido.
Não tenhas medo do meu sofrimento, sai por essa porta, descobre o novo mundo que um dia desbravaste com todo o teu nobre coração.
Eu continuarei por aqui, com as minhas manias, com as minhas ideias, com as chatices habituais, gesticulando, discutindo com os objectos, sorrindo com as folhas de papel.
Os meus olhos cansados buscar-te-ão ao final do dia, quando a minha astúcia precisar dos teus lábios para repousar a alma, mas, tu já não vais lá estar.
Tanto as minhas mãos quiseram prender-te que chegou o dia em que decidiram que seria melhor deixar-te ir, tanto os meus lábios quiseram os teus que hoje o nosso beijo perdeu-se na memória do nosso amor, tanto te amei que acabei com as lágrimas salgadas beijando-me os lábios e pedindo-te que fosses.
Não me perguntes porquê? Olha para dentro de ti. As respostas estão sempre dentro de nós.
O mundo espera-te. O universo está repleto de pessoas fantásticas, não te prendas a quem não te merece ou não faz por te merecer. Vai embora!
Não digas mais nada, vai simplesmente.
Deixa a aliança morrer sozinha no fundo da rua, na esquina onde a tua dor e revolta a depositar, no frio chão coberto pelas tuas lágrimas de cetim. Não olhes para trás. Olha adiante, as tuas asas já podem voar, bate-as, inova, grita, sorri!
Eu vejo-te da janela, com os olhos brilhantes de emoção, quero dizer-te adeus. Não! Não consigo! Desviarei o olhar como faço sempre que a dor se insere no meu peito.
Mas, pelo canto do olho ainda te verei chorar, como um anjinho de coração magoado, mas um anjo que voa, que vai mais além sem que nenhuma mão possa tolher o seu voo.
Volta um dia mais tarde… se eu não estiver deixa um bilhete na porta, vem dizer-me que me amas, vem sorrir porque agora já podes sonhar, porque as minhas vagarosas mãos já não possuem o corpo domesticado, porque agora és apenas tu e não aquele que nasceu para ser apenas meu. Entendes?
Dir-me-ás que está tudo bem, que voltaste a amar, a ser feliz, que fizeste todas aquelas coisas que apenas imaginavas serem possíveis ao meu lado. Eu, perdida no meu mundo, sorrirei. Aprendi que pelo facto de estarmos presos ao mundo nada nos dá o direito de prender os outros a nós.

2 comentários:

Anónimo disse...

bem cada vex k leio alguma cena..fico mais apaixonada pla tua escrita.olha menina,n pares mas é de escrever, e eu a pensar k tinh jeito pa escrever..lol msm das-lh bue..se editares um livro uma copia ja ta vendida..embelezas os simples factos do kotidiano, isso é fantastico..ana

Anónimo disse...

Isa é só pa dizer k gosto mt de ti, és uma pessoa espetacular, e escreves msm bem (e n só).Continua k tens futuro ;) bjocas,pipa