quarta-feira, novembro 16, 2005

Falso Rebanho

Num ápice roubaram o que é nosso, invadiram a terra que pisámos, o espaço que nos pertence, o passado que vivemos em comum, as alegrias e as tristezas.
E vocês seguiram, como um rebanho guiado por uma ovelha enganada que em falso foi traída pelas armadilhas maliciosas da vida.
Aos poucos perdemos o que era nosso, os sentimentos que nos ligavam uns aos outros, as brincadeiras, os sorrisos, a felicidade da qual outrora tanto nos orgulhámos. Porque vocês precisavam agradar aos outros, aos que surgiram na vossa vida em melhor momento, os que se mostraram mais alegres e mais divertidos, talvez mais falsos e carregados de sentimentos contraditórios, mas isso não interessa. Porque os laços que nos ligavam foram esquecidos em prol da imagem que transparecia do outro lado do espelho, no lugar onde estavam os outros, os que julgariam ou idolatrariam os vossos actos, os que definiriam se se tratavam de boas ou más pessoas.
Então os nossos rostos ficaram encerrados nas gavetas do vosso pensamento, no álbum de recordações da vida, e agora as forças e amor que nos ligam já não são suficientes para sorrir.
Na vida ganham-se umas coisas, perdem-se outras.
A tela da nossa amizade foi borrada pelos próprios artistas, foram usadas cores cinzentas, o dia chorou, nós chorámos, gritámos ao mundo que tudo estava ao contrário.
Porque não ficámos? Digam-me. Porque não ficámos pelo nosso mundo e fomos felizes da mesma forma que éramos? Porque precisamos sempre de agradar ao que vem, ao que pretende invadir aquilo que somos e deturpar o que existe entre nós? Será que a força que nos unia não era suficiente para nos suportarmos e precisámos de ir mais além? Não sei. Não encontro respostas,o meu céu está cinzento e a minha garganta inflamada pelos gritos de dor proferidos na escuridão da noite.
Como facas que se espetaram no meu peito e feriram gravemente, imagens de dor que jamais esquecerei, como se fosse trocada por algo maior, mais forte, mais digno.
Porque não deixaram que a nossa amizade crescesse ao abrigo daquilo que somos?
Então, seguiram as ovelhas enganadas, ultrajadas, seguiram pela mão do pastor , a mão que separou os nossos caminhos, que vos conduziu por aí, pela estrada do erro, da infâmia, do medo daqueles que erram e temem perder o que anteriormente parecia pertencer-lhes para sempre.
Agora esse espelho já não reflecte as duas faces, porque apenas nós continuamos atónitos e desejosos de voltar a ver-vos, ansiosos que os nossos braços se unam aos vossos numa dança de sentimento. A outra face do espelho escureceu, as figuras que vos olhavam com interesse desvaneceram-se no horizonte e agora a imagem reflectida caiu no vazio do esquecimento.
Nós, continuamos aqui, porque os fiéis e os verdadeiros amigos não partem , continuam à espera , de braços abertos, de coração repleto de amor. Então o rebanho volta, para o bem e para o mal, para as noites frias e para o calor do nosso sentimento.

2 comentários:

Tyna! disse...

k o teu texto sirva para pôr ovelhas (todas elas) a pensar bem acerca do que andam a fazer das suas vidas. E se forem suficientemente atentas conseguirão entender a que me refiro. A escolha é vossa. Só espero k n se arrependam...
Força Isita!!

Anónimo disse...

trata-se de uma utopia... algo que não existe,mas q acreditamos que realmente existe... aqui fica o comment,um bocado vago, mas... porque as vezes "o silêncio é a melhor das palavras." Pipe.