sexta-feira, novembro 04, 2005

Voz Perdida

Deixo-te na timidez dos teus dias.
Na clareza da luz dos teus olhos, na folha de papel que acolhe as tuas palavras solitárias e perdidas. Ès uma voz perdida. Um cristal que se esconde por aqui e por ali, impedindo que alguém te acolha nos braços e possa lapidar-te. Ès uma rocha fora do rochedo, igualmente forte, mas sozinha.
E vejo-te sorrir, com as paredes, com as esquinas, com os pássaros, com a alegria que as personagens dos livros conseguem transmitir-te. Será que o teu mundo é real? Ou valerá mais essa timidez que te esconde por detrás dos olhares inquietos e distraídos da humanidade. Também quero olhar-te, mais uma vez, sentir essa emoção que já não cabe no peito e transborda pelos olhos, mas, quando olho já não estás, partiste e nem disseste um adeus. Adeus, não! Até logo…Adeus é para sempre e sei que voltarás.
Ao nosso olhar esfuma-se na escuridão da noite, desapareces por entre os barcos e a neblina dos nossos passos. És tímido, perdes-te onde os outros se encontram, dizes o que não há para dizer, sentes o que não se sente, sonhas quando o mundo parece pequeno demais para tantas quimeras.
Tenho medo de magoar o teu coração sensível, o que jamais foi amado, o que nunca amou, o que se poderá partir ao toque grosseiro e sentido de alguém.
Não quero que percas essa inocência, a vulnerabilidade louca que têm as criancinhas amáveis e ternas do mundo perfeito.
As tuas mãos são como as pétalas de uma flor nas quais bailam as abelhas numa dança de harmonia e prazer.
O mundo parece girar à tua volta, nesses breves instantes em que a tua voz perdida se solta para o mundo e lhe mostra o talento que vive em ti. Depois volta o silêncio, a timidez dos teus dias, o teu corpo imóvel entregue a uma parede solitária, os olhos que se movimentam como duas esferas brilhantes, como dois berlindes valiosos, observam o mundo e retiram dele a sua melhor parte.
Então cumpres-te, vais com as nuvens e acenas lá de cima, vais até onde a tua força chegar. Vais longe, porque és apenas uma voz perdida que deposita palavras no vento.

Isa Mestre

1 comentário:

Anónimo disse...

por este andar axo k vou axar ixto d tds os textos mas pontos... TA LINDOOOOOOOOOOOO! ***bjokax***