quarta-feira, setembro 07, 2005

Voltar a ser mulher...

Ser menina é ser doce e meiga, é dizer muito com poucas palavras, é possuir esse olhar único que parece tocar o mundo quando ele está bem distante.
È ter o encanto da meninice, é ser mulher mesmo quando se é ainda moça.
Vislumbramo-las, meninas carregadas de encanto e de luz, que em seus olhares levam o mundo e nos corações o amor. São ainda simples crianças de cabelos cintilantes, lábios rosados e expressão alegre que reflecte um mundo quase perfeito.
Começam por ser doces meninas e através da necessidade tornam-se mulheres frias e decadentes que vendem os seus corpos na esquina mais próxima em troca de algum dinheiro. São o apetite dos homens ou rapazes, desejosos de algumas horas de prazer, são o “alimento” de uma causa desesperada que consome o mundo aos poucos.
E essas mulheres que um dia foram meninas tão queridas, são hoje apenas um objecto de prazer...
Em casa os seus filhos procuram ao final do dia o carinho maternal, mas em seu lugar está o vazio das frias noites de solidão. Ao final da noite o dinheiro é pouco, será necessário voltar a vender-se no próximo dia.
Na escola todos comentam o facto de a mãe do “tal menino” ou da “tal menina” ser prostituta, todos troçam e se afastam daqueles que são apenas inocentes.
Onde está a dignidade? Onde está?
Onde está a mulher? Onde está a menina? Nada mais existe. Apenas esse mundo de ilusão, esse estado de abstracção, essa figura ridícula que circula de rua em rua como quem busca algo impossível de encontrar.
Pobres mulheres que não sabem onde começa o dia e acaba a noite, nas suas caras apenas o sorriso matador que poderá valer mais um “cliente”, embora nos seus corações a angústia e o estado de desespero se apoderem de tudo.
« 5 euros... 10 euros... » e mais alguns gemidos de prazer, o mundo cai pouco a pouco nessa nuvem negra que envolve os seus espíritos.
Talvez um dia... talvez ... essas mulheres possam deixar a prostituição. Sim, acredito que sim.
Acredito que num dia sorridente todas elas deixarão as ruas para cuidarem das suas famílias e viverem com toda a dignidade possível.
Sim, viverão.
Voltarão a ser mulheres como antes, a sentir a alegria de viver e a magia de ser apenas alguém...

1 comentário:

_MK_ disse...

Heavy, é a única coisa que me vem á cabeça... foste buscar um tema ignorado por muitos, mas que, enquanto é uma flagelo na sociedade moderna, é também a profissão mais velha do mundo. Concordo contigo, embora tenha que reconhecer que é muito difícil sair desse mundo.