sexta-feira, agosto 18, 2006

na minha alma.

- Obrigada,
e tenho vontade de abraçar-te outra vez, ainda lanço os braços, mas tu bem sabes como nos sentimos ridículos nestes gestos. Por fim, as minhas mãos perdem-se nas tuas e apertas-me com força,
- Acredito em ti,
eu sei, eu sempre soube, quando corri até ao final para chegar em primeiro, quando sorri na eminência do choro, quando sonhei...eu sempre soube que estarias lá para gritar pelo meu nome, para sorrir comigo, para sonharmos, ainda que o palco dos sonhos parecesse tão distante do nosso olhar. E quando te disse,
-Desculpa,
soube que acreditavas em mim, que com os olhos repletos lágrimas e o ressentimento a respirar em ti, soube que acreditavas nas minhas palavras.
E eu disse,
- Nunca te esquecerei,
e tu sabias, tu sabias que nunca te esqueceria, sabias que quer o dissesse agora ou um minuto antes de morrer seria igual, eu nunca te esqueceria.
E tu sorrias, com esse sorriso de quem ama, de quem dá tudo aquilo que tem dentro do peito, sorrias orgulhosa de mim, e eu de ti, tanto, tanto...
- Não me arrependo,
disseste tu.
Obrigada. Por não te arrependeres, por acreditares naquilo que sou mesmo quando aos olhos dos outros sou um trapo velho e agastado do tempo, um trapo que já limpou bem a loiça, mas hoje desilude dia após dia.
Obrigada por esse olhar sempre tão terno, sempre tão teu...pelas vezes em que estava triste e me fizeste sorrir, por me ajudares a encontrar o caminho certo quando a minha tolice enveredaria por outros lugares.
É claro que me recordaria de ti. Pergunta tola. Como poderia esquecer-te?
As pessoas são como as estrelas, umas mais cintilantes que outras, umas que nos captam a atenção e se fixam no coração, outras que simplesmente nos passam despercebidas.
Obrigada por teres brilhado um dia para mim, por teres iluminado um cantinho do meu mundo com o teu sorriso, por me teres ouvido e dedicado sábias palavras, palavras que não esqueço, que vivem em mim e hão-de ser aquilo que sou.
Eu ainda me lembro das conversas ao fundo do teu quintal , ainda me lembro de te ver a meu lado com o cigarro por entre os dedos, o cigarro proibido que tanto amavas, o cigarro com o qual eu ralhava mas acabava sempre por sorrir.
Ainda me lembro de anoitecer enquanto falávamos, de teres de fazer o jantar, de brincar com os teus filhos...mas permanecias em silêncio.
- Não há problema,
dir-me-ias.
Para ti não havia horas más nem horas boas, o teu tempo era o meu tempo sempre que eu precissasse dele.
Tu a dizer-me que tenho de crescer, e eu a sorrir.
- É verdade, é verdade,
dir-te-ia.
Deixa lá, crescerei com o tempo, tal como cresceste.
Ouvirei a tua voz do outro lado do telefone chamando pelo meu nome...(como gosto de ouvir-te chamar pelo meu nome).
E sei que do outro lado sorrirás, sorrirás por mim e eu sorrirei por ti.
Cresceste, pensarás, mas faltar-te-á coragem para dizê-lo, tal como me faltou coragem para abraçar-te.
Deixa lá, eu sei que cresci, que crescerei até morrer a pensar nessas tardes em que o sol se punha enquanto te falava de coisas banais.
Crescerei ao pensar que quando chorei tu estavas lá para me dar a mão, que não me mandaste parar como todos os outros, mas acolheste as minhas lágrimas e ensinaste-me a crescer com elas.
Crescerei ao pensar que me disseste que eu era isto e aquilo, ao pensar que mesmo magoada pelas tempestades da vida encontrei sempre nas tuas plaavras um porto de abrigo para as minhas tormentas .
E pensar que enquanto os outros me olhavam pela porta entreaberta, tu me beijaste as faces fustigadas pela dor e me abafaste a cabeça contra o teu leito...
E perguntaste,
- Como estás?
Obrigada por perguntares, obrigada por perguntares sempre e te preocupares se estava sorridente, triste ou magoada.
Obrigada por nunca desistires de encontrar o meu sorriso, estivesse ele onde estivesse.
Obrigada por teres sido connosco à casa das cópias e por termos chamado palhaço ao patrão, obrigada por teres voltado nos momentos mais difíceis.
As palavras são tão inúteis quando sabemos de que falamos....ou melhor, do que sentimos.
Todavia, deixo-te com elas, onde quer que estejas... ou a fazer o jantar para os teus filhos, ou a preparar o trabalho para amanhã, ou a vasculhar nas recordações antigas, ou...quem sabe, no fundo do teu quintal a fumar um cigarro.
Deixo-te com aquilo que somos e o que sentimos.
Obrigada por me teres possibilitado tantas recordações, tantas e tão boas.

( Para ti, que estás aí e me lês. Sabes que são para ti estas palavras. Eu sei que sim.)

Isa Mestre

1 comentário:

Anónimo disse...

é só pa dizer k gostei mto...ta mt bom...cm todos os otros textos ;) beijoca