sexta-feira, agosto 11, 2006

Nas tuas mãos, o mundo


Nas tuas mãos está o mundo, mãe.
Porque foste tu que mo ofereceste desde a minha primeira lufada de ar fresco no jardim da vida. Transportaste-me com carinho por entre os teus dedos sábios do tempo e trouxeste a vida para dentro de mim. Trouxeste tantas coisas mãe, tantas...que hoje olho-me ao espelho e vejo o que és em mim. Orgulho-me disso. De ser parte de ti, de sorrir como tu, orgulho-me que os teus braços estejam sempre prontos a acolher-me quando a minha meninice ainda chama por ti.
Obrigada seria pouco para quem luta todos os dias por mim, para quem me defende com o seu escudo protector de tudo aquilo que possa ferir-me. Eu sei que obrigada não chega, por isso ofereço-te o que de melhor pode haver no coração dos humanos: os sentimentos. Os meus sentimentos são palavras. Palavras aqui, palavras ali, palavras que me saem do peito e das mãos, palavras que tu me ensinaste a escrever quando guiaste os meus dedos pacientemente pelo papel.
Ofereço-te o meu mundo nestas linhas. Merece-lo.
Sei que as minhas letras não vão com o vento, mãe, elas ficarão sempre no teu peito, e quando eu encostar a minha cabeça para ouvir o teu coração senti-las-ei tocando-me, acariciando-me o rosto imaturo.
Obrigada por me mostrares tantas vezes o caminho certo. Continua a fazê-lo, porque sem ti eu serei uma criança perdida no supermercado, uma árvore sozinha na imensa floresta, uma luzinha na escuridão da noite.
Pela tua mão cresci, hoje, posso parecer do teu tamanho, mas, é tudo ilusão. Tu és grande mãe, muito grande. Na alegria de viver, na coragem, na força, na certeza com que nos criaste sobre os teus braços frágeis e fugidios.
Oxalá pudesse ser do teu tamanho...quem sabe, um dia? Agora, ainda tenho de crescer, por mim, por ti, por nós, pelo mundo.
Levarei sempre no peito as armas que me deste, os sentimentos que me ensinaste para fazer face a este mundo louco. Não vou ferir, afinal, o verdadeiro amor não magoa.
Tu sabes e eu sei.
Seguirei o nosso caminho, pela estradinha que os teus dedos me indicarem far-me-ei mulher aos poucos e tu olhar-me-ás e pensarás na menina que ontem chorava nos teus braços pedindo alimento.
Porque nas tuas mãos estará sempre o mundo, o meu mundo mãe.

Isa Mestre

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